Membro fantasma: saiba mais sobre a síndrome
O membro fantasma, ou dor fantasma, é uma sensação ou dor que permanece no local em que uma parte do corpo foi amputada. Ou seja, mesmo após a cirurgia, o paciente ainda consegue sentir como se o membro estivesse no local.
Esse fenômeno intrigou a história por séculos, havendo casos relatados desde o século 16. Ele foi apresentado na literatura médica pelo cirurgião francês Ambroise Pare. No entanto, por conta da época, as explicações eram pautadas apenas no sobrenatural.
No entanto, com os diversos relatos de membros fantasma que surgiram com a Segunda Guerra Mundial, o tema voltou a ficar em alta. Além disso, foi apenas com o avanço da medicina que foi possível retomar os estudos e entender melhor como funciona o cérebro e a nossa percepção da imagem do corpo.
Portanto, se quer saber mais sobre as principais características do membro fantasma e como ocorre o processo de tratamento com o paciente, siga com a leitura do nosso artigo!
O que é a síndrome do membro fantasma?
A síndrome do membro fantasma é uma condição neurofisiológica em que o membro amputado desmembra-se do corpo, mas não do cérebro. Essa síndrome pode causar sensação de dor passageira ou crônica, e por muitas vezes o paciente sente receio em falar sobre ela.
Médicos relatam que de 90 a 98% das pessoas vivenciam o membro fantasma após terem que amputar uma parte do corpo.
Além disso, não há uma causa específica para esta condição neurofisiológica, acredita-se que um dos principais fatores é o paciente já apresentar dor antes da cirurgia ou perder o membro de forma traumática, como em acidentes.
Porque ocorre o membro fantasma?
Não há uma causa específica para o membro fantasma, entretanto, os pesquisadores chegaram a uma explicação possível para esta condição neurofisiológica.
O corpo humano é composto por milhares de neurônios sensoriais que disparam estímulos responsáveis por nos informar sobre as diversas sensações e texturas, além de criar a compreensão do nosso corpo no espaço. Ou seja, nós criamos uma imagem completa do corpo, ou mapa sensorial, no cérebro.
Esses neurônios sensoriais são disparados através da medula espinhal até o cérebro. Além disso, todos os neurônios vão caminhar pelo corpo até chegar ao local do corpo designado, no entanto, eles se cruzam no percurso, não se limitando à região do membro.
Portanto, quando uma pessoa perde um membro, seja por conta de uma doença, infecção ou acidente, há uma “perda de informação” e parte dos nervos da medula espinhal e do cérebro se “reiniciam” para “atualizar” o mapa sensorial do corpo.
O cérebro ainda reconhece o membro como se estivesse ativo e é disparado sinais de dor, pois o organismo reconhece que algo está errado.
Perder um membro deixa as terminações nervosas do local mais grossas e podem se tornar mais sensíveis a estímulos de dor. A dor no membro fantasma, portanto, é uma ilusão do cérebro, mas o paciente sofre bastante de dores no local.
A síndrome do membro fantasma atinge em menor incidência as crianças novas, e isso se dá, provavelmente, por elas ainda estarem em processo de desenvolvimento e não terem construído totalmente a imagem do próprio corpo no cérebro.
O homúnculo de Penfield
O homúnculo de Penfield, ou homúnculo cortical, foi descoberto por Wilder Penfield nos anos 40 e 50. É uma representação psiconeuroanatomica do corpo humano, isto é, um mapa sensorial das regiões do corpo, localizado em uma pequena parte do cérebro.
Penfield realizou um experimento para entender as doenças neurológicas, como a epilepsia. Como o cérebro não tem terminações nervosas, ele, em si, não sente dor, apenas envia estímulos de dor para o corpo, então Penfield aplicou choques em diferentes regiões do cérebro e anotou o que os pacientes sentiam.
Com isso, ele descobriu uma região do cérebro que representava a sensibilidade de cada parte do corpo humano. Essa é a explicação possível por trás do membro fantasma, no qual o cérebro ainda reconhece o membro amputado no mapa sensorial e dispara sinais de dor.
Além disso, a partir de estudos mais atuais, foi criado um novo homúnculo que representa o sistema motor do corpo – que é bem diferente do sistema sensorial.
Como funciona a dor do membro residual?
A dor no membro fantasma se inicia, geralmente, após alguns dias da amputação, entretanto, pode dar os seus primeiros sinais depois de meses e até mesmo após anos. Ela é definida como qualquer tipo de sensação desagradável ou dor que atinge a parte do corpo amputado.
Qualquer pessoa que tenha amputado algum dos membros, seja de regiões superiores ou inferiores, está apto a sofrer com a síndrome do membro fantasma.
A dor conhecida como dor fantasma pode desaparecer sozinha ou pode ser gradual e se intensificar ao longo dos anos.
Sintomas do membro fantasma
Como vimos, os sintomas relatados pelos pacientes que apresentam a síndrome do membro fantasma são dores e sensações desagradáveis no membro amputado.
Entre eles, os principais sintomas do membro residual são:
- Sentir o membro amputado;
- Queimação;
- Dor aguda ou latejante;
- Formigação;
- Beliscão ou aperto;
- Câimbras.
Além disso, em alguns casos mais raros, pacientes relatam sentir uma duplicação de membros, isto é, sentir a presença da parte amputada e de um outro membro paralelo.
Tratamento para o membro fantasma
Para alguns pacientes, a dor do membro fantasma desaparece sozinha após um curto período de tempo, e há pacientes que sofrem com dores crônicas por boa parte da vida.
Por ser uma condição ainda sem causa definida, é importante procurar médicos especializados que irão estudar seu caso e prescrever o melhor tratamento para te ajudar.
O primeiro passo do tratamento é iniciar com medicamentos para tratar a dor e depois complementar o tratamento com:
- Fisioterapia;
- Psicoterapia;
- Acupuntura;
- Cirurgias para estimular o cérebro, caso seja necessário.
Se você está sofrendo com dores no membro fantasma, nossos médicos especialistas irão te ajudar a entender seu caso e resgatar sua qualidade de vida!
Caso queira saber mais sobre neurologia ou outros tópicos da medicina, acompanhe nossos artigos.
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